Máximas autoridades agropecuárias das Américas explicaram para representantes do BID, CAF e Banco Mundial que são necessários mecanismos de apoio dirigidos à agricultura familiar, para que incorpore práticas avançadas de gerenciamento de água e regeneração dos solos, entre outras de sustentabilidade.
São José, 6 de outubro, 2023 (IICA). Considerar as assimetrias por país, criar as capacidades necessárias em cada nação para acessar o financiamento e perfilar os benefícios finais que receberão os créditos, são parte das necessidades identificadas pelos ministros de agricultura das Américas para aproveitar os recursos provenientes de agências financeiras multilaterais e fortalecer a agricultura, a segurança alimentar e a sustentabilidade regionais ante a mudança climática.
Em um fórum realizado durante a Conferência de Ministros da Agricultura das Américas 2023, na Costa Rica, as principais autoridades agropecuárias dos países da região expuseram aos representantes de organismos creditícios os seus pontos de vista sobre como o financiamento internacional é fundamental para que produtores, principalmente familiares, aumentem a sua resiliência climática, incorporem melhores práticas e sejam parte dos esforços para conservar água e regenerar os solos do hemisfério.
A Conferência ministerial é organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Por parte dos organismos financeiros, participaram especialistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Banco Mundial.
No fórum Mesa-Redonda sobre Financiamento para a Segurança Alimentar e o Desenvolvimento Sustentável, a Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo, destacou que “em todas as negociações globais o financiamento tem sido um tema central, já que a estimação dos custos anuais para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável e assegurar a adaptação, resiliência e mitigação da mudança climática para o planeta, estão por cima de três a quatro bilhões de dólares anuais”.
A Chefe do Gabinete do Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar e Nutricional de Barbados, Keeley Holder, sinalizou a importância de considerar a desigualdade nos temas de segurança alimentar de cada país, ao momento de considerar o financiamento climático.
Na mesma linha, o Ministro de Agricultura de São Vicente e Granadinas, Saboto Caesar, sinalizou: “Em vários Estados carecemos de recursos legais, humanos e capacidade para acessar o financiamento para combater a mudança climática. Devemos criar uma plataforma pela qual se possa acessar diferentes pessoas que possam trabalhar com os elaboradores de políticas e fornecer acesso aos setores mais vulneráveis”.
Augusto Valderrama, Ministro de Desenvolvimento Agropecuário do Panamá, expressou que é fundamental colocar a preservação como objetivo máximo do financiamento climático. “Precisamos de sabedoria e discernimento para que os governantes e as entidades financeiras não percamos a espécie humana e continuemos avançando”, disse.
O Coordenador Geral da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, Santiago Arguello, sinalizou a importância de “projetar mecanismos de financiamento para intermediários, que permitam conseguir um empréstimo, torná-lo acessível e formar recebedores de créditos. Acredito que para a agricultura familiar esse é o grande problema, que no sudeste do país somente 10% tem acesso à empréstimos”.
Visão de financiamento por agência
Alicia Montalvo, Gerente de Ação Climática e Biodiversidade Positiva da CAF, destacou a gravidade da segurança alimentar na América Latina e sua conexão com a mudança climática.
“A estratégia da CAF se baseia em dois pilares: em primeiro lugar, encarar a pobreza, ou seja a segurança alimentar, queremos um crescimento sustentável e inclusivo; e, ao mesmo tempo, um segundo pilar é possibilitar que o desenvolvimento agropecuário ocorra com todas as condições de sustentabilidade ambiental necessárias. O objetivo é oferecer a prosperidade necessária e as melhores condições de vida a todos os que estão envolvidos nas cadeias de valor alimentares”, sinalizou Montalvo.
Adicionou que este organismo financeiro procura investir em sistemas alimentares por meio de melhoras tecnológicas, formação, resiliência climática e agricultura, e biodiversidade.
O Gerente de Mudança Climática e Desenvolvimento Sustentável do BID, Juan Pablo Bonilla, explicou que essa entidade propõe mecanismos como a troca de dívida por natureza, a emissão de títulos temáticos por custos mais baixos e o instrumento chamado BID CLIMA, que fornecerá descontos em empréstimos elegíveis quando sejam alcançados e verificados objetivos específicos de biodiversidade e clima.
“Somos o primeiro banco de desenvolvimento que com capital próprio vai começar a ter uma facilidade para o pagamento por resultados em operações de crédito nos próximos cinco anos, inclusive lançamos a cláusula sobre furações, sendo o primeiro banco que lançou uma cláusula desse tipo e já implementamos em vários países do Caribe, para que no evento de um furação o pago principal possa ser postergado durante dois anos”, sinalizou Bonilla.
O Líder do Programa de Desenvolvimento Sustentável, América Central e República Dominicana do Banco Mundial, David Treguer, enfatizou o sucesso de programas por resultados aplicados no Marrocos que vão além da agricultura e vinculam a agroindústria, os empregos verdes, a inovação e a agricultura digital.
“No Banco Mundial não só advogamos projetos e empréstimos, também existem serviços de assessoria, reembolsáveis ou não, dependendo do país e temos diferentes tipos de projetos, temos o projeto de investimento típico, temos apoio de orçamento, e programas por resultados, e aqui existe uma possibilidade muito grande de realizar inovações em termos que incluem o setor na economia em geral”, destacou Treguer.
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