A Conferência de Ministros da Agricultura, que ocorre cada dois anos, reunirá até quinta-feira 5 de outubro aos ministros de 34 países, representantes do setor privado e agricultores de diferentes nações do continente, que se juntarão sob o lema “Uma parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável”.
São José, 4 de outubro de 2023 (IICA) – A Conferência de Ministros da Agricultura das Américas 2023 foi inaugurada em São José na Costa Rica pelos presidentes da Guiana e do Panamá e outras altas autoridades de 32 países, que realizaram uma convocatória a fortalecer o papel do continente como fiador da segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental global, em um contexto de crise climática e econômica que demanda de forma urgente um agro mais produtivo e resiliente.
Os presidentes da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, e do Panamá, Luarentino Cortizo, foram oradores na cerimônia de abertura, junto com o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, Manuel Otero, organizador e anfitrião do encontro.
Tanto Irfaan Ali como Cortizo receberam distinções do IICA em reconhecimento ao seu compromisso com o desenvolvimento do setor agropecuário e o papel dos agricultores em seus países e nas Américas.
Também participaram da inauguração o líder rural do Chile, Alfredo Carrasco; o Ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira; o Ministro de Agricultura e Pecuária da Costa Rica, Víctor Carvajal; o CEO da Fundação World Food Prize, Terry Branstad; o Vice-ministro de Relações Exteriores da Costa Rica, Alejandro Solano; e a Representante da Costa Rica da Organização de Estados Americanos (OEA), Milagro Martínez.
A Ministra de Meio-Ambiente dos Emirados Árabes Unidos (EAU), país organizador da próxima COP 28, Mariam Bint Mohammed Saeed Hareb Almheiri, transmitiu a sua mensagem por meio de um vídeo.
A Conferência, que ocorre cada dois anos, reunirá até quinta-feira 5 de outubro aos ministros de 34 países, representantes do setor privado e agricultores de diferentes nações do continente, que se juntarão sob o lema “Uma parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável”. O título expressa o consenso de que é imprescindível impulsionar a ação coletiva e a cooperação técnica de excelência para fortalecer a produção agropecuária em harmonia com o meio-ambiente.
A cerimônia contou com a presença de uns 200 espectadores, entre eles ministros de Agricultura do continente, bem como o Laureado do Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer, e o Prêmio Mundial de Alimentação 2020, Rattan Lal. Eles serão expositores magistrais nos fóruns técnicos da conferência, em que também haverá sessão da Junta Interamericana de Agricultura (JIA), órgão superior de governo do IICA, integrado pelos 34 Estados-Membros.
“Temos um objetivo muito ambicioso que é reduzir em 25% até 2025 as importações de alimentos nos países da Comunidade do Caribe (CARICOM). Isso só se conquistará com grandes investimentos e um papel importante da tecnologia. Estamos progredindo na construção de um sistema de produção sustentável e resiliente”, disse o presidente da Guiana, Irfaan Ali.
O chefe de governo agradeceu ao IICA pelo “excelente trabalho que está realizando para resolver problemas no setor agrícola” e destacou as ações do Instituto que facilitam a transferência de tecnologia e a integração dos sistemas agroalimentares da região.
“Nos últimos quatro anos, líderes de todo o mundo falam cada vez mais sobre a segurança alimentar e hoje está tudo entrelaçado: a produção de alimentos, a segurança energética e a segurança climática. Por isso na Guiana estamos criando uma economia para nos converter em 2030 em líderes mundiais nessas três áreas”, contou Irfaan Ali.
“Quando falamos do setor agropecuário, falamos de paixão”, disse, pelo seu lado, o Presidente Cortizo.
“Como panamenho”, adicionou, “é uma honra para mim estar aqui e receber este reconhecimento. Agradeço ao Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, e à sua equipe pela contribuição que fizeram na elaboração da nossa política agroalimentar do Estado, que foi construída de baixo para cima e vai sobreviver as mudanças de governo”.
Cortizo também fez referência a dois temas críticos: o comércio internacional e a mudança climática. “O comércio não é justo e isso tem que ser discutido com os países desenvolvidos. Por exemplo, não pode ser que quando estamos em tempos de colheita sejamos invadidos por produtos subsidiados”, sinalizou. Sobre a mudança climática, advertiu que “os países desenvolvidos, que são os grandes emissores de gases de efeito estufa, são os que têm que ver o que vão fazer com as suas indústrias”.
O agro, vítima da mudança climática
O Ministro brasileiro Paulo Teixeira deu detalhes dos programas que estão encaminhados no seu país para garantir a segurança alimentar e impulsionar a agricultura familiar. Também enfatizou o valor da conferência para conhecer as boas experiências das outras nações e trocar conhecimentos.
Teixeira acentuou que a ação coletiva é imprescindível para que os países das Américas possam enfrentar o impacto da mudança climática, que se manifesta em eventos climáticos cada vez mais frequentes e extremos.
“Na região amazônica estivemos atravessado secas, enquanto no Sul tivemos secas e furações. As pessoas vulneráveis são as que mais sofrem esses fenômenos que repercutem na produção agropecuária e a produção de alimentos”, sinalizou.
Alfredo Carrasco, inspirador e líder do projeto inclusivo FarmHability, que promove a agricultura sustentável e integradora, sinalizou que as pessoas com deficiências podem trabalhar no campo e produzir alimentos para a sociedade.
“Venho de um povoado rural e tive a sorte de crescer em uma família em que o meu pai é agricultor. Aos meus 17 anos, tive os meus primeiros cultivos, mas em 2017 sofri um acidente que mudou a minha vida. Passei dois anos em reabilitação e comecei a escrever essa nova história”, disse Carrasco, quem revelou publicamente sua vontade de contribuir na criação de um programa hemisférico para a inclusão ocupacional de pessoas com deficiências no setor agrícola.
Carrasco foi reconhecido como Líder da Ruralidade pelo IICA, bem como dúzias de agricultores do continente que fazem contribuições para a segurança alimentar e contribuem com o enraizamento nas zonas rurais.
“Os sistemas alimentares e a agricultura devem ser uma prioridade máxima na luta contra a mudança climática, em prol dos milhões de agricultores de todo o mundo e das milhares de pessoas que passam fome”, disse a Ministra de Mudança Climática e Meio-Ambiente dos EAU, Almheiri, e sinalizou a urgência de realizar uma transição para métodos de produção de alimentos mais inclusivos, sustentáveis e resilientes.
Os agricultores, motores da inovação
Os agricultores são motores da inovação e é o nosso trabalho empoderá-los”, advertiu Terry Branstand, em nome da World Food Prize Foundation, instituição comprometida com a promoção da inovação e a melhoria da qualidade, quantidade e disponibilidade mundial de alimentos. O prêmio que eles concedem anualmente é considerado o Prêmio Nobel da alimentação e agricultura.
A fundação tem sua sede no estado dos Estados Unidos de Iowa, de relevante produção agrícola. “O investimento em biotecnologia e os biocombustíveis têm transformado o estado de Iowa. Temos 42 plantas de bioetanol e 43 de biodiesel. Nos ocupamos de ser economicamente, socialmente e ambientalmente sustentáveis”, explicou Branstad.
O Ministro Carvajal, pela sua parte, considerou que “o IICA é uma organização que apoia às nossas populações e governos, em um continente onde existem realidades muito diferentes nos países”.
“Hoje o mundo enfrenta desafios urgentes e devemos abordá-los como equipe e não com esforços isolados. Temos que melhorar a qualidade de vida dos agricultores. É urgente resolver o tema da pobreza nos territórios rurais e o êxodo dos seus habitantes aos centros urbanos”, adicionou.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, enfatizou que a conferência é o fórum técnico e político de nível mais alto para o intercâmbio de ideias, informações e experiências relacionadas com a transformação da agricultura e da vida rural, mas principalmente serve para construir consensos e um plano de ação comum sobre os desafios e oportunidades para o setor agroalimentar das Américas.
“Está em jogo”, sinalizou, “o aprofundamento do processo de transformação da nossa agricultura, que deve necessariamente ser mais sustentável, mais competitiva e inclusiva e cuja superação é crucial para construir um mundo melhor para todos”.
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